“Ser e criar espaços de misericórdia”
O fundamento do Carisma Crux Sacra é a experiência com Jesus Cristo Crucificado e Misericordioso, que nos chama a ser e criar espaços de misericórdia, a partir da oferta da nossa vida:
O Crucificado como aquele que toma a sua cruz e oferece a vida; e Misericordioso como aquela face que não para na dor, mas resplandece vitoriosa sobre o pecado e a morte, fazendo de sua vida um espaço de misericórdia que nos acolhe, resgata e salva.
João 12,32: “E quando eu for levantado da terra…” reflete o aspecto do crucificado, ou seja, de tomar a cruz, de seguir, de estar exposto, de dar a vida.
“…atrairei todos a mim” abarca a dimensão do Misericordioso. Quando nos encontramos assim, nessa condição, crucificados como Jesus, levantados na nossa oferta, também atraímos e acolhemos pessoas que são alcançadas pela graça de Deus que flui da nossa vida, tornada espaço de misericórdia para restaurar a dignidade dos filhos e filhas de Deus.
Cruz e Misericórdia. Essas duas palavras sintetizam o nosso Carisma: cruz, por ser esse o caminho espiritual que nos leva a superar os nossos limites; misericórdia, porque essa é a experiência que fazemos ao sermos acolhidos e que nos impulsiona a tomar a nossa cruz.
Dar a vida, bem mais precioso que possuímos, é a expressão máxima da misericórdia; atitude de quem, livremente, como resposta generosa de amor, oferece a si mesmo, na disposição de acolhimento, para que o seu próximo faça a experiência de um amor que liberta, resgata e salva.
“Eu dou a minha vida a Jesus e Ele dá minha vida aos homens” (Leonaldo Cordeiro).
“Apóstolos da misericórdia pela natureza da própria vocação”. Ser Apostolo da Misericórdia vai além da divulgação das promessas, da recitação do terço, da veneração da imagem. Precisamos gastar a nossa vida para que as pessoas se sintam amadas, resgatadas. É preciso reproduzir na vida dos outros aquilo que um dia nos salvou.
O Crucificado é a fonte da nossa espiritualidade. Ao contemplá-LO, somos revestidos da mesma coragem que O levou a se entregar na cruz, como oferta de amor. Somos aqueles que fazem a experiência da cruz, de subir na cruz. Somos, por isso, atraídos e chamados à contemplação desse mistério, a descobrir a graça escondida na “debilidade” de um Deus que, porque ama, se deixa vencer.
A contemplação do crucifixo tem, para nós, uma dupla finalidade: a de nos percebermos alvos desse amor e a de nos descobrirmos capazes de fazer o mesmo.
A cruz é um caminho seguro de purificação, de configuração, o meio pelo qual se é desafiado a superar os próprios limites, negar a si mesmo e, como expressão máxima do seguimento de Jesus, fazer a oferta da própria vida.
Nele contemplamos o grande ato do amor misericordioso de Deus-Pai, que entregou seu Filho à morte para restaurar nossa humanidade decaída.
Usar a cruz peitoral é revestir-se de contradição, é despojar-se do modo de vida deste mundo para assumir a linguagem de Cristo – e Cristo crucificado! Assim, como “guerreiros da cruz”, carregando no peito o sinal de vitória, seremos testemunhas de que tudo pode ser vencido, inclusive o sofrimento.
Nosso sinal reflete, ainda, a atitude de quem corajosamente toma a sua cruz dia após dia e, apesar dos desafios, não desamina, mas, abraçado à esperança da ressurreição, permanece firme diante do chamado do Senhor.
Na medalha, a cruz inclinada envolvendo o planeta terra revela que há esperança de salvação para toda a humanidade; além de expressar, a todos os povos, que é possível, sim, vencer o pecado e a morte, assumindo a sua própria cruz.